quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Desempenho no ciclismo/mountain bike

Por Felipe Miranda
Como preparar, planejar e monitorar o treinamento para esportes com tantas modalidades e atletas com biotípos distintos   

O ciclismo assim como o mountain bike são esportes com uma ampla variedade de modalidades, existem competições com distâncias distintas e que podem durar um ou até mesmo vários dias.
Então para realizar um plano de treino coerente com o atleta e modalidade várias análises devem ser feitas, levando em consideração as experiências, individualidades biológicas e características da prova que se tem como objetivo.

Em busca da performance e de um melhor desempenho devemos seguir um treinamento que tenha uma seqüência lógica, adequadas com o nível e objetivos do atleta. Esse plano deve conter exercícios variados que desenvolvam as capacidades físicas gerais e também exercícios específicos da modalidade com o objetivo de desenvolver as habilidades, capacidades físicas, energéticas, técnicas e táticas.

Paralelo a um bom plano de treinamento, uma alimentação equilibrada é fundamental para o bom rendimento, pois as exigências energéticas nesses esportes são grandes, principalmente nas provas de longa distância. Com isso, as principais necessidades estão voltadas a hidratação e suplementação de carboidratos e sódio durante as competições e treinos.

Uma reeducação alimentar planejada com a ajuda de um nutricionista, de forma individualizada e de acordo com as exigências dos treinos e competições é a melhor opção pra quem quer obter saúde e melhorar o desempenho. 



Muito importante também é o posicionamento do ciclista em sua bicicleta, o ajuste biomecânico (Bike Fit), além de evitar lesões, permite que o ciclista aplique sua força de maneira eficiente e controle sua bicicleta com maior precisão.


PLANEJAMENTO

Antes de se submeter a um treinamento sistematizado, o treinador deve buscar informações e conhecimento sobre seu atleta levando em consideração:

Características da modalidade (distâncias, desníveis, tipo de prova que pretende correr);
Objetivos a curto, médio e longo prazo;
Idade, sexo, nível de preparação anterior (experiência esportiva);
Disponibilidade de tempo, recursos para o treinamento (equipamentos, locais de treino, academia, monitor de freqüência cardíaco, medidor de potencia, medidor de cadência, etc.);
Condições iniciais do indivíduo (nível de desempenho, estado de treinamento, estado de saúde) que deve ser feito através de exames médicos e avaliações físicas.



Um programa de treinamento deve ser feito pensando principalmente nos resultados a longo prazo, sempre respeitando os principios do treinamento e buscando alcançar treinos que simulem as condições competitivas mais próximas possíveis da realidade.
  

CONTROLE E MONITORAÇÃO DOS TREINOS

O frequencímetro é a ferramenta mais prática de ser adiquirida e com melhor custo beneficio para se controlar a intensidade dos treinos. Através de testes e avaliações feitas com o uso do monitor podemos determinar as zonas de freqüência que deverão ser trabalhadas ao longo dos treinos.




Um dos melhores parâmetros para controle das intensidades seria usar como referência os batimentos que o atleta se encontra em seu limiar anaeróbico (intensidade a partir da qual o lactato se acumula rapidamente em nosso organismo), que também pode ser mensurado através do exame de lactato sangüíneo. Podem ser usados também dados como potência (watts), batimentos máximos, volume de utilização do oxigênio para gerar energia (vo2max), dentre outros.

Com o uso dos frequencímetros ou medidores de potência, o atleta pode controlar a intensidade a fim de trabalhar em zonas de intensidade com objetivos distintos, além disso, o atleta pode observar o comportamento dos batimentos cardíacos em repouso que tem a tendência de diminuir com a melhora da condição física ou aumentar com o estresse ou baixa de imunidade.


Hoje o que temos de mais moderno para monitoração e controle dos treinos são os medidores de potência, uma ferramenta que, apesar do custo mais elevado, é muito precisa para controlar a intensidade dos treinos, pois converte em watts a potência aplicada nos pedais. Seria uma forma instantânea de controlar a intensidade, já que as respostas dos batimentos cardíacos nem sempre correspondem ao esforço momentâneo. Além disso, as respostas dos batimentos cardíacos podem ser influenciadas pelas condições climáticas, emocionais, estresse, adrenalina, desidratação e vários outros fatores, com isso perde-se um pouco da precisão em relação aos medidores de potência que além de registrar os watts gerados nos pedais, cruzam informações diversas como desníveis altimétricos, variações de cadência (rpm), batimentos podendo ser analisado qualquer situação de esforço em qualquer momento do treino.


Felipe Miranda é treinador esportivo da OCE – Treine.net, Bacharel em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá – Belo Horizonte e competidor de mountain bike desde 1999. Em 2009 foi campeão dos 5 horas de MTB e finalizou por duas vezes uma das maiores ultra-maratonas em mountain bike, o ABSA Cape Epic que acontece todo ano na África do Sul.